Nesta semana, o impensável ganhou forma. As redes sociais – Instagram, Facebook, TikTok e tantas outras – viram algo que beirou o extraordinário: um jovem deputado federal, Nicolas Ferreira, conseguiu alcançar a marca de mais de 300 milhões de visualizações com um único vídeo. A política, que tantas vezes parece distante da vida cotidiana, encontrou um palco inédito, e o deputado soube como dominar o espetáculo.

O tema? O Pix, aquele instrumento que revolucionou os pagamentos no Brasil, virou o foco de um debate político. E, curiosamente, o vídeo não trazia uma fake news explícita, mas um jogo sutil de palavras que mexia com os nervos de milhões de brasileiros. Nicolas, com sua habilidade retórica, afirmou que o Pix não seria taxado, mas transformou essa informação em algo secundário. O verdadeiro protagonista do vídeo foi a sua narrativa: uma tentativa de desmoralizar o governo federal, liderado por Lula.

Eis a questão: como um jovem político conseguiu fazer o governo federal recuar diante de uma pressão virtual? A resposta está no poder das redes sociais e na sagacidade de quem sabe manipulá-las. Nicolas usou sua oratória como arma, tecendo um discurso onde os detalhes importavam menos que a emoção transmitida. Ele tocou na ferida de um país onde a desconfiança política é rotina. E, ao fazer isso, conseguiu transformar uma fala sobre o Pix em um espetáculo que escancarou falhas na comunicação governamental.

O governo, por sua vez, ao tentar se explicar, se enredou em suas próprias palavras. Em vez de combater o discurso com clareza, deixou espaço para que a narrativa de Nicolas florescesse. E o que era um simples vídeo tornou-se um fenômeno: um deputado que não apenas bateu recordes de visualização, mas também impôs uma derrota simbólica ao Planalto.

Essa história, no entanto, não é apenas sobre Nicolas Ferreira ou o governo Lula. É um retrato do tempo em que vivemos. As redes sociais transformaram a política em um campo de batalha onde a verdade e a mentira se misturam, e onde a emoção supera a razão. Um vídeo bem editado, uma fala marcante e a escolha certa de palavras podem valer mais que qualquer debate no Congresso.

A vitória de Nicolas não foi apenas sobre um tema ou um governo. Foi uma lição sobre como a política mudou. E, se o governo federal aprendeu algo com isso, é que, no campo das redes sociais, quem controla a narrativa controla tudo.

No fim, a questão que fica é: quem, de fato, venceu? Nicolas, com sua habilidade digital? O povo, que viu suas preocupações amplificadas? Ou as redes sociais, que continuam sendo o palco onde a política se tornou espetáculo e a verdade virou um detalhe?

Ivo Amorim.